quinta-feira, 16 de abril de 2009

O EFEITO DE UMA CANÇÃO NA REDUÇÃO DA DURAÇÃO DO TRABALHO DE PARTO:





03 de abril de 2009
Copperwoman, uma cantora Californiana de Circle Songs, visita o grupo de doulas voluntárias do Hospital de Itupeva.










O re-encontro

Depois de um período no Peru, a cantora Californiana, Copperwoman esteve durante 3 semanas em Matutu, perto de Caxambu MG. Viajou com uma amiga americana, Musi, que precisou antecipar seu retorno aos Estados Unidos. Copperwoman viu que não compensava trocar sua passagem, a tarifa era muito cara, porém, ficou preocupada em permanecer no Brasil mais 3 dias sozinha, sem falar uma palavra em português...Isto só durou alguns minutos, até perceber que havia algo mágico escondido nestes acontecimentos. Sabia que havia um sentido para que os fatos assim ocorressem.
Duas noites depois, ela estava deitada e teve um ‘toró de idéias’. Lembrou-se de Vera Bruder que havia lhe mandado um e-mail pedindo o CD ‘Blessing Way Songs’ ( músicas cantadas por parteiras americanas) quando estava no Peru no ano anterior. Na ocasião, a cantora atendeu nosso pedido e mandou o CD graciosamente para o Grupo de Doulas Voluntárias de Itupeva.
Ela abriu seu computador para descobrir em que cidade a doula brasileira morava e encontrou uma das mensagens que trocamos, há ‘exatamente’ um ano atrás, que terminava dizendo que talvez um dia nos encontrássemos. Vera morava em Itupeva, São Paulo. Como iria partir para a Califórnia do Rio de Janeiro, poderia vir de Caxambú para SP e de cá para o Rio. Copperwoman escreveu-me e eu lhe respondi que seria muito bom se nos visitasse e cantasse conosco em Itupeva.
Assim que a encontrei na rodoviária de São Paulo, perguntei de onde era e ela me respondeu que era de Santa Cruz, a mesma cidade onde mora minha irmã! Sentimo-nos, fazendo parte de uma grande família. Copperwoman é muito amiga da parteira das minhas sobrinhas.


Em Itupeva


Ela dizia o tempo todo que não tinha expectativas sobre sua visita à São Paulo. Convidei, então, nossas doulas para cantarmos no hospital. Nas fotos abaixo, as voluntárias que puderam juntar-se a nós. Da esquerda para a direita, Lourdes, Maria Sônia, Maria Tereza, Cooperwoman, Maria Cecília, e eu Vera Bruder. Na outra foto Cariri na ponta esquerda.
O trabalho do Grupo de Doulas Voluntárias no Hospital, para quem ainda não conhece, tem o objetivo de oferecer apoio às mulheres que darão a luz. Sabemos que muitas cesáreas podem ser evitadas quando a mulher sente-se encorajada e apoiada no trabalho de parto. Ultimamente nosso foco principal tem sido promover o vínculo entre a mãe e o bebê. Percebendo quão importante é para o bebê permanecer junto da mãe logo em seguida do parto, a Dra Maria Helena, as doulas e a equipe de cuidados perinatais estão estudando como mudar alguns procedimentos do hospital para que o bebê não seja separado desnecessariamente da mãe após o nascimento.
As doulas são treinadas para permanecer ao lado das mulheres durante e depois do parto, sua presença contínua é que faz a diferença. Temos constatado que a natureza deste serviço o predispõe à algumas dificuldades. Uma delas é manter o número de doulas necessário para cobrir os 21 períodos de 4 horas da semana . Como são voluntárias, algumas destas mulheres atuam enquanto estão desempregadas e interrompem o serviço ao conseguirem novo trabalho.
Além disso, promover mudanças no ambiente hospitalar, assim como em qualquer instituição, é muito difícil.


















A música entra no Pré-Parto e no Alojamento Conjunto


No dia 03 de abril, o grupo de doulas e a cantora entraram no pré-parto e encontraram 3 gestantes, e uma quarta em outro quarto ao lado. Uma delas estava na fase ativa do parto, outra com sinais de trabalho de parto prematuro e a terceira na fase passiva de trabalho de parto.
Nós começamos a cantar a música "There's a Circle Surrounding," (existe um círculo protegendo) para chamar os anjos. Depois cantamos "Opening Up in Sweet Surrender," ( abrindo-me numa doce entrega) e em seguida "I Am A Hollow Bamboo."


( eu sou um bambu oco). As doulas só ouviam porque não falam inglês. Cooperwoman sugeriu então que Vera traduzisse a letra da música para que todos pudessem cantar em português. Foi um sucesso, Cooperwoman achou fantástico, mas, ainda não sabia do efeito da música para a mulher em trabalho de parto adiantado.









Fomos, em seguida, ao Alojamento Conjunto, lá haviam 3 mães com seus recém-nascidos e cantamos para eles a música "I Love My Baby."











Descobrimos que as três mulheres tinham tido seus bebês através de cirurgias cesareanas, duas pela segunda vez e a outra pela terceira vez...A taxa de cesárea muito elevada em nosso hospital!

Missão cumprida! as doulas foram embora, apenas uma permaneceu junto da mãe em trabalho de parto adiantado. Vera e Cooperwoman se juntaram à equipe do hospital para almoçar. Será que a aventura havia mesmo terminado?
Não! a parte boa da visita estava só começando... ou seja, mais uma parte boa: Depois de almoçarmos, recebemos a notícia que uma das gestantes já tinha dado à luz. Ela que esperava ter sua segunda cesareana….




Que presente! um verdadeiro acontecimento...

Sendo hora do almoço, o obstetra, após examinar cuidadosamente a paciente, decidiu almoçar antes daquele parto. Tudo nos faz pensar que o efeito da música fez com que a parturiente relaxasse facilitando o trabalho daquele parto que progrediu mais rápido do se a esperava. E, assim de maneira muito natural, a mãe deu à luz um lindo bebê muito saudável na própria cama do pré-parto, antes mesmo do médico voltar!
Fomos verificar com o pediatra se o bebê estava bem e se já poderia ser colocado na barriga da mãe para o primeiro contato pele a pele tão importante para a formação do vínculo entre mãe e filho. Quando possível, isto deve acontecer dentro da primeira meia hora após o nascimento porque neste período o bebê está bem acordado e ativo. Diante de resposta afirmativa da pediatra, ele foi levado ao alojamento conjunto e colocado sobre o corpo materno antes do banho, pois o cheiro do líquido aminiótico nas mãos também o ajuda a encontrar o peito. O bebê foi então se arrastando em direção ao peito materno, quando se aproximou olhou fixamente para o mamilo ( que fica mais escuro durante a gravidez) , abocanhou a mama e permaneceu mamando muito satisfeito durante 65 minutos. Foi uma experiência gratificante. Se a gente não atrapalha a natureza humana proporciona este “encontro” maravilhoso. Já no final deste momento mágico o pai chega e a troca de olhares entre eles traduz a emoção que toma conta de todos.

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