quarta-feira, 10 de junho de 2009

CAMBIA- Casa de Amparo à Mãe e ao Bebê e de Incentivo à Amamentação: Bombas para ordenha do leite materno e outros aparelhos

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Elisabet Helsing, Pamela Morrison e Felicity Savage, 27 de maio de 2009.
1 Posição da WABA sobre as bombas para ordenha de leite materno e outros aparelhos.
Receber o leite materno diretamente das mamas é importante. O leite materno é específico para cada espécie e fornece alimento, carinho e proteção imunológica determinada pelo meio ambiente onde vive o bebê. Amamentar vai além de “dar leite materno”.
Amamentar proporciona ao bebê o contato pele a pele com sua mãe várias vezes ao dia; isso o acalma e estabiliza fisiologicamente, uma vez que a sucção libera hormônios na mãe que melhoram sua resposta emocional à criança. Todos esses efeitos são vitais para o desenvolvimento neurológico e a saúde psicológica do bebê. O aleitamento materno existe há milhares de anos sem os aparelhos especiais hoje vistos como necessários. As bombas de ordenha e os protetores de mamilo, em seus vários modelos, foram usados já no século XVI por mulheres das classes mais altas quando apresentavam mamas ingurgitadas ou outras dificuldades, ou quando queriam ficar longe dos filhos por alguns períodos. Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu o sutiã para amamentar, as bombas de ordenha primitivas e outros recursos destinados a um mercado cada vez menor de mulheres que amamentavam. Na década de 1970 esse mercado cresceu, uma vez que as mulheres em alguns países voltaram a amamentar após um período de declínio marcante. Hoje, a maioria das mães tem consciência da importância e do valor do seu leite para os filhos. Porém, com a perda da habilidade para amamentar e o retorno à vida profissional poucas semanas após o parto, muitas mulheres, sem necessidade, tornam-se usuárias das bombas de ordenha e dos dispositivos para alimentar o bebê ao invés de amamentá-lo. A WABA está preocupada com o fato de as bombas de ordenha e outros aparelhos serem hoje comercializados de maneira a induzir as mulheres ao seu uso desnecessário, prejudicando a prática da amamentação e a saúde da mãe e da criança. Muitos aconselhadores e pessoas que auxiliam as mães passaram também a acreditar que o uso desses dispositivos é algo normal e necessário. Isto ocorre particularmente em sociedades que desestimulam a amamentação em público, nas quais impedimentos sociais tornam difícil a prática de amamentar e onde leis mais frágeis resultam em uma licença-maternidade curta e instalações/providências insatisfatórias no local de trabalho. As bombas e outros dispositivos são, sem dúvida, úteis em alguns casos: quando a mãe ou o bebê tem problemas graves, seja em consequência de uma condução inadequada da amamentação, ou quando os dois, inevitavelmente, são separados. Há necessidades reais que podem ser definidas. Este é o verdadeiro mercado. No entanto, os mercados não se ajustam, automaticamente, às necessidades reais e podem ser criados e manipulados. A tendência das pessoas/empresas que vivem destes mercados é fazer de tudo para que eles cresçam, independentemente das reais necessidades. Em muitos casos, isso não significa uma influência negativa para a saúde e bem-estar das famílias. Mas o uso desses aparelhos pode perturbar o tênue equilíbrio entre mãe e bebê, considerando que é a sucção da criança que regula a produção do leite materno. A seguir, temos alguns exemplos que, de modo algum, esgotam a quantidade de itens especiais comercializados hoje para as mulheres que amamentam: ♦ Chupetas - O uso da chupeta pode levar o bebê a sugar menos; a redução no estímulo das mamas leva a mãe a produzir menos leite e, desta forma, a interromper prematuramente a amamentação. Trata-se de um fator de risco, em especial, nas primeiras 6 a 8 semanas de Elisabet Helsing, Pamela Morrison e Felicity Savage, 27 de maio de 2009 2 vida do bebê, quando a sucção e o uso dos músculos da boca e ao seu redor ainda não estão bem estabelecidos. ♦ Protetores de mamilo (borracha ou silicone) – Estes produtos costumam ser utilizados para ajudar o bebê a abocanhar uma mama com mamilo invertido ou para diminuir o incômodo nos mamilos doloridos e lesionados. Entretanto, o uso inadequado desses itens pode comprometer a capacidade do bebê fazer uma pega adequada da mama. Por isso, devem ser usados somente quando os métodos fisiológicos para melhorar a pega e ou o tratamento dos mamilos tenham sido tentados, mas não se alcançaram os resultados esperados. Quando utilizado nestes casos especiais, deve-se acompanhar de perto a evolução do quadro, buscando manter seu uso pelo menor tempo possível. ♦ Absorventes ou forros para as mamas – Eles protegem as roupas contra vazamentos de leite. O uso daqueles revestidos com plástico deve ser desestimulado, porque mantém a pele úmida, aumenta as chances de proliferação de bactérias, provoca a sensibilidade ou infecção dos mamilos. ♦ Bombas de ordenha - A necessidade, geralmente, decorre de situações em que mãe e bebê têm que ser separados ou diante de um comprometimento da saúde física da mãe ou da criança. Elas podem ainda ser necessárias para mulheres que não conseguem retirar manualmente o leite, com eficiência, a ponto de não continuar a amamentar sem esse tipo de ajuda. Em todos esses casos, recomenda-se usar a bomba pelo menor tempo possível, até que a mãe aprenda a fazer uma expressão manual eficiente ou possa iniciar ou retomar a amamentação. O objetivo deve ser sempre proteger o aleitamento materno e manter ou aumentar a produção de leite. O mercado das bombas de ordenha deve, portanto, ficar claramente circunscrito. O entusiasmo excessivo do marketing leva ao uso errôneo, inadequado e desnecessário e até mesmo à dependência do aparelho. As mães chegam a oferecer seu próprio leite em mamadeira, como um substituto da amamentação. Além disso, a utilização de bombas de má qualidade e ineficientes, o uso precoce ou por tempo prolongado podem levar a uma drenagem inadequada do leite das mamas e contribuir para o fracasso da lactação. A WABA está preocupada com o surgimento de um potencial conflito de interesses, caso os profissionais da saúde e aconselhadores em lactação venham a receber financiamento ou patrocínio de fabricantes de bombas e outros dispositivos de auxílio à amamentação. Os profissionais da saúde e aconselhadores da amamentação precisam continuar firmes, sem influências, na realização de seu trabalho de aconselhamento das mães. O uso desses dispositivos deve-se restringir a situações em que haja evidências razoáveis de que contribuirão para proteger, conservar e melhorar a produção de leite materno e, realmente, ajudarão as mães efetivamente a amamentar. A recomendação de um desses produtos deve ser determinada pela eficiência e adequação conhecidas para cada mulher em particular. De forma alguma deverá ocorrer qualquer influência comercial nesse aconselhamento. Traduzido por Regina Garcez, colaboradora da IBFAN Brasil, regina.garcez@gmail.com Revisto por Tereza S. Toma, pesquisadora do Instituto de Saúde/SES-SP e membro da IBFAN Brasil

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