quarta-feira, 5 de novembro de 2008

SOLENIDADE DE APRESENTAÇÃO PÚBLICA DA CAMBIA


04 de novembro de 2008













Em uma bela noite, contemplando a arte de Van Gogh, nos curvando à presença do criador,




















ouvindo belas músicas instrumentais , o canto dos corais, expressão máxima da alma humana,










visitando a inocência das crianças ,

























e compartilhando a amizade entre amigos, a CAMBIA passa de sonho à realidade, nosso estatuto está registrado e a primeira diretoria executiva assumiu o trabalho com muita dedicação.




















Como os gansos desta figura, alguns estão a frente numa determinada configuração durante um período determinado, o revezamento nos permitirá crescer, observar, descansar. Parabéns a todos pela dedicação na preparação da solenidade, aos convidados, motivo maior de nosso esforço para organização do evento, agradecemos a presença.






Palavra da Presidente da CAMBIA, VeraBruder:

Boa Noite a todos!

1. GRATIDÃO
Neste momento, quero fazer alguns agradecimentos. Em primeiro lugar a Deus que desde a juventude colocou um desejo de infinito em meu coração, esta vontade de abraçar o mundo inteiro, de querer ver a todos bem e felizes, um desejo de fazer o bem.

Agradeço também aos meus pais, por quem fui verdadeiramente amada.

Aos meus filhos, que amo tanto e que me ensinaram muita coisa e ainda continuam ensinando.

Agradeço a todos os membros da CAMBIA, em especial, à Maria Sônia, Isabel, Tânia, Lourdes, Maria Cecília e Maria Tereza, cada uma com sua habilidade, que nas últimas semanas dedicaram-se de corpo e alma para que hoje pudéssemos acolher a todos vocês, proporcionando alguns minutos de alegria, diante da beleza da amizade, da inocência das crianças, do amor entre os homens. Hoje pela manhã, estava tranqüila, porque haviam várias pessoas cuidando para que tudo acontecesse na hora certa. Em outros eventos, ficava sobrecarregada, sem ter com quem dividir as tarefas. Isto é prova de que a sociedade organizada é eficiente e deve ser apoiada pelo poder público. Sei que outras pessoas maravilhosas gostariam de estar ajudando concretamente, mas no momento estão muito atarefadas.

A todos os presentes que fizeram a grande caridade de vir até aqui para ouvir nossa proposta.

Dom Elder Câmara dizia que a vida de um homem é a realização de seu sonho de juventude: O meu sonho era ajudar a construir um mundo melhor. “Vou cantando, ninguém vai me calar, vislumbrando o sol do amanhã...”

Todos vocês que hoje aqui compareceram vieram porque têm no coração o desejo de fazer o bem. Provavelmente vocês aprenderam isso com alguma pessoa próxima.

Eu aprendi com a minha avó. Minha tia conta que ela era parteira e saía debaixo de chuva, pelos pastos para fazer partos na região de São José do Rio Preto. Quarenta anos se passaram e ainda está vivo em mim seu testemunho: Tinha experimentado o amor incondicional de Deus por ela e por isso amava as pessoas sem restrições, sem acrescentar palavras do tipo, mas, porém, senão, contudo, todavia....OBRIGADA nona Ina.

Lembrando de tantas bênçãos, foi como ver um filme da minha vida, e nele reconhecer Cristo que veio ao mundo porque eu seria incapaz de me relacionar com um Deus abstrato, que eu não pudesse abraçar.

Aos 19 anos, por graça de Deus, conheci o Benjamin, um companheiro maravilhoso que sempre me amou de forma incondicional, mesmo com toda minha dificuldade para ser dona de casa. Os anos foram passando e sinto que ele me ama mais a cada dia! Hoje peço a Deus que não me leve antes dele, acho que não resistiria.

Há 30 anos atrás, conheci na PUC de São Paulo, um movimento de estudantes chamado Comunhão e Libertação,
Com eles aprendi a dar a razão da minha fé.
Deus me deu numerosos amigos, neste movimento, que me amaram do jeito que eu sou, com todos os meus limites, com toda minha incapacidade para tantas tarefas. Eu não precisava usar máscaras. Eles nunca foram moralistas...

Em fevereiro de 2007, Ele agia novamente em minha vida de forma escandalosa. Escolheu a dedo algumas mulheres para responder afirmativamente ao nosso convite para ser doula voluntária. Quatro meses mais tarde, mais mulheres maravilhosas se inscreviam para trabalhar em troca de amor, de gratidão. Não demorei a perceber que Ele agia na construção do projeto doulas.
Como ninguém pode fazer nada sozinho, Ele me deu companheiras na Prefeitura de Itupeva, para desenvolver este projeto: pude contar com a amizade verdadeira de profissionais de saúde nota 10. Elas compartilham comigo do mesmo sonho.

Algumas doulas continuam fiéis e se desdobram, agora, para construir mais uma frente de trabalho voluntário: a CAMBIA - Casa de Amparo à Mãe e ao Bebê e de Incentivo à Amamentação.

2. ESPERANÇA

Confesso a vocês que eu não sou capaz de amar como gostaria estas mulheres, este bebês, estas famílias, para as quais estamos nos colocando a serviço, entretanto eu tenho uma certeza: Ele está conosco, do contrário, nem teríamos chegado até aqui. Repito sempre uma passagem do evangelho: “sem Mim nada podeis fazer”! “Io vorrei volerte bene, come ti ama Dio, com la stessa passione, com la stessa forza, com la stessa fedeltà, libertà que non no io” " Io ti volglio bene, e ne ringrazio Dio, che me dà la tenerezza, che me dà la forza, che me dà la libertà, che non no io."
O amor vem de Deus, se não o bebermos em alguma fonte, e eu já passei por isto, não somos capazes de AMAR sem preconceitos os seres humanos que tem as mesmas exigências fundamentais que nós. CUIDADO! Porque isto é diferente de fazer um trabalho "por compaixão", por ter pena dos menos favorecidos.
Hoje posso dizer que estou realizando plenamente meu sonho de juventude: trabalhar com um grupo de pessoas que, como eu, tem um coração transbordante de amor. Se continuarmos ligadas a Deus, para a CAMBIA, tenho CERTEZA, nada será impossível! O instrumento de trabalho mais precioso da CAMBIA é o amor gratuito, que dá sem esperar retribuição porque JÁ recebeu.

Quando uma pessoa encontra algo bom, que a faz feliz, quer levar a todos a beleza que encontrou. Como cristã tenho o dever de fazer isto. A humanidade precisa de pessoas que têm certezas e que possam ajudá-las a encontrar a verdadeira felicidade.

3. PACIÊNCIA AMOROSA

Gostaria agora de chamar a atenção de vocês sobre uma questão metodológica que será importante para nosso trabalho cotidiano: não se dá resposta a uma pergunta que não existe. Só posso responder à pergunta, que me é formulada ou atender a um pedido, que me é feito. Nós profissionais de saúde, às vezes respondemos a perguntas inexistentes, despejando orientações que logo serão esquecidas. Antes de falar é preciso ouvir a “pessoa” que temos diante de nós.

Precisamos perguntar à elas qual é sua verdadeira necessidade, não podemos ter a pretensão de achar que sabemos do que elas precisam.

Eu não estou falando para vocês sobre idéias utópicas e para provar isto vou ler alguns trechos ditos por uma pessoa que tem sido referência para mim, ele trabalha assim e está removendo montanhas! Amiga do movimento católico CL, ao qual pertenço, Cleuza Zerbini é uma líder social, que alguns de vocês conheceram em agosto deste ano por ocasião da Semana Mundial de Aleitamento Materno, organizada pela Diretoria de Saúde da Prefeitura. Ela é Presidente de uma associação que já ajudou 15 mil famílias a realizar o sonho de ter uma casa própria, e a 30.000 estudantes pobres de entrarem na faculdade (gravidez na adolescência: a maioria não tem perspectiva de vida):
Ela conta que ficou impressionada quando um amigo contou que uma vez, alguns alunos colegiais que estavam fazendo caritativa deram dinheiro a uma senhora pobre e depois descobriram que ela tinha comprado um batom. Eles foram reclamar com Dom Giussani... “ mas como? ela não tem nada e com o dinheiro que lhe demos compra um batom?” E Dom Giussani respondeu, “ Como vocês são pretensiosos! Quem são vocês para saber qual é a verdadeira necessidade daquela mulher?

Isto poderá acontecer conosco no atendimento ao casal gestante, ou aos pais que encontraremos...A cada encontro devemos lembrar da história do batom e da pergunta: QUAL A VERDADEIRA NECESSIDADE DELA OU DELE...

Quando uma pessoa faz coisas boas a gente deve imitar...Cleuza ouviu a história do batom e no dia seguinte colocou a idéia em prática:
“Convencemos alguns cabeleireiros e esteticistas dos salões de beleza dos bairros ricos a irem nos nossos bairros cuidar gratuitamente da nossa gente. E para as nossas mulheres, algumas com depressão, uma coisa como esta teve um impacto maior do que conseguir a casa própria. Uma mulher nos disse comovida: "Tenho 60 anos e é a primeira vez na minha vida que vou ao cabeleireiro". É a experiência que carregamos que muda a vida das pessoas. Tanto é verdade que muitas começaram a cuidar de um modo diferente das suas casas, a deixá-las mais bonitas; e está se desenvolvendo muito a produção artesanal, sobretudo têxtil, de ótima qualidade.”
Ela, acrescenta:

“As pessoas ricas têm uma idéia errada de pobreza, como se faltasse, aos desfavorecidos, apenas comida. Não é verdade, eles têm fome e sede de coisas bonitas, de arte, de história, de experiências que tiveram sucesso. Então, para nós esta troca de experiências é fundamental.”

Eu gosto muito de música, procuro sempre trazer algo belo para os encontros, façamos também nós esta experiência. Cada pessoa tem um dos sentidos mais aguçados que os outros...

Uma gestante pode procurar a CAMBIA desesperada, incapaz de cuidar de seus filhos. Ela vem atrás da gente pedindo ajuda para encontrar um lugar para morar, ou de outras necessidades concretas. Eu posso dizer: você veio atrás da gente em busca de casa, comida, mas nós oferecemos a você algo mais, estamos interessados em discutir a vida, você é bem vinda, se quiser participar e discutir sobre a vida, se não busque outra alternativa... Por que eu diria isto? Porque o mundo está cheio de pessoas generosas que poderão atender ao que ela pede.
Em pouco tempo ela estará pedindo as mesmas coisas e isto se repetirá infinitamente.
Para muitas pessoas, o normal é cuidar apenas dos interesses individuais, das necessidades imediatas, mas aos poucos podemos ensiná-las que isso é o que menos importa, que o que importa é que nasça entre a gente uma companhia, uma amizade e elas entenderão que o que queremos é o melhor para elas, entenderão que a nós interessa que elas possam viver o melhor.

Por exemplo, uma moça pode pensar: quero encontrar o amor da minha vida, e aí sim serei a pessoa mais feliz do mundo. Ela o encontra, eles se casam e aí ela pensa que lhes falta uma casa, e ela consegue também a casa e depois pensa que lhe falta ter um filho...NOSSO DESEJO É DE INFINITO, por isto qualquer pessoa, associação ou emprego que nos prometer qualquer outra coisa, estará fazendo propaganda enganosa. Todo o ser humano, quer more no Japão, ou na Dinamarca, na Amazônia ou no Haiti é assim. Todo homem busca a verdadeira felicidade, e esta, só Deus pode dar.

Cada homem precisa ser protagonista de sua história, não posso continuar ajudando as pessoas para ser aplaudido. Esta política já caiu em desuso. Ajudemos as pessoas a recuperar a dignidade, elas não precisam de esmolas, precisam ser protagonistas de sua própria história.
Quero concluir, minha colocação dizendo que para atuar na CAMBIA é preciso ter paixão pelo homem na sua totalidade, TODOS querem amar e ser amados, ser justos e ser tratados com justiça, querem a beleza, a verdade, o conhecimento, a FELICIDADE!
Ah! Estou com 51 anos e continuo com o mesmo desejo de infinito que tinha na juventude, porém o corpo já não é o mesmo. Faço aqui um convite para cada um de vocês: venha viver esta aventura conosco!


Um comentário:

  1. Gostei de reler as palavras que pronunciei no dia 04 de novembro de 2008. Foi como renovar a certeza daquele momento solene! Lembrar do significado de nossas ações nos permite perseverar na construção da CAMBIA.

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